A constituição da subjetividade de adolescentes autistas: um olhar para as histórias de vida
Bagarollo, Maria Fernanda; Panhoca, Ivone
Data de publicação: 2010-08-01
Resumo:
Human development is a result of social relations that are mediated, experimented and internalized by the individual. Thus, the way the subject is included in their social group has definite impacts on their constitution. Due to changes in social interaction, language and the presence of stereotyped behaviors, autistic subjects can have their participation in social and cultural life restricted, making their difficulties more pronounced. The objective of this study was to analyze the dialogic processes of five autistic adolescents focusing on: evidence taken from experiences lived by them in their daily lives and from social enunciations impregnated in their oral discourses, attempting to find subsides for the therapeutic process of such subjects. The empirical material was collected from two individual speech-language therapy sessions, which were recorded and transcribed, with three autistic adolescents. The sessions were addressed by looking at subjects' life stories and personal photographs were used as therapeutic resources. The analyses were qualitative and supported by microgenetic analysis. Results show that the subjects' experiences are provided by their school and family, and are related to leisure, trips, birthday parties, contact with more distant relatives, church. We also observed that parents and professionals extend the autistic person's childhood, representing them as children even during adolescence. Autistic subjects were observed to have relationships restricted to their families, with little opportunity for close contact with other people. We conclude that autistic subjects go through important and significant cultural experiences. However, they have little contact with peers from their age group.
O desenvolvimento humano é produto das relações sociais que são mediadas, vivenciadas e internalizadas pelo indivíduo. Assim, a maneira como o sujeito é inserido em seu grupo social tem impactos definitivos sobre sua constituição. Os indivíduos autistas, devido às alterações nas interações sociais, na linguagem e a presença de comportamentos estereotipados, podem ter a participação na vida social e cultural prejudicada, acentuando suas dificuldades. Os objetivos do trabalho foram analisar processos dialógicos de cinco adolescentes autistas enfocando: indícios de experiências que eles vivenciam no cotidiano e dizeres sociais impregnados em seus discursos orais, buscando subsídios para o processo terapêutico de tais sujeitos. O material empírico foi coletado a partir da realização, gravação e transcrição de duas sessões fonoaudiológicas individuais com três adolescentes autistas. As sessões privilegiaram o trabalho com as histórias de vida dos sujeitos e a utilização de fotografias pessoais como recurso terapêutico. As análises foram qualitativas, pautadas na análise microgenética. Os resultados apontam que as experiências que os sujeitos vivenciam são proporcionadas pela escola, pela família e relacionadas a passeios, viagens, festas de aniversários, convivência com parentes menos próximos, igrejas. Notou-se também que os pais e profissionais prolongam a infância de seus filhos autistas, representando-os, mesmo na adolescência, como crianças. Observou-se que os sujeitos autistas mantêm relacionamentos restritos às suas famílias, não demonstrando ter convivência com outras pessoas. Conclui-se que os sujeitos autistas vivem experiências culturais importantes e significativas para eles, porém, com pouca convivência com pares de seu grupo etário.
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