terça-feira, 15 de março de 2016

Autistas e o uso de Tablets

Tablets transformam a vida de 

autistas e de seus familiares

Por: Julliane Silveira     Do UOL, em São Paulo  (02/04/2013)





  • A tela sensível ao toque é de fácil uso, estimula a concentração e chama atenção com cores e animações
É das tecnologias mais recentes que surge um novo caminho para melhorar a comunicação dos autistas: aplicativos executados em tablets têm gerado transformações importantes na maneira como crianças com autismo se comunicam.  "Meu filho não fala nenhuma palavra ainda, mas a comunicação visual melhorou muito. Passou a prestar atenção em tudo, antes mal olhava nos meus olhos! Está mais carinhoso e atento com os familiares", conta a bióloga Daniela Bolzan, 29, mãe de Gabriel, 4.

A tela sensível ao toque é de fácil uso, estimula a concentração (difícil para esses pacientes) e chama atenção com cores e animações. "Tanto profissionais quanto familiares podem usar o tablet e os estudos têm mostrado que o aparelho é eficaz", diz o psiquiatra Estevão Vadasz, coordenador do Programa de Transtornos do Espectro Autista do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Jogos e exercícios se tornam complemento das terapias realizadas com profissionais. Não há contraindicação: crianças de qualquer idade podem se beneficiar dos gadgets.
O jornalista Paiva Junior, 36, tem um filho autista, hoje com cinco anos, e descobriu nos tablets uma forma de fazê-lo se interessar por assuntos considerados meio "chatos", como a aprendizagem de letras e primeiras palavras. "A coordenação motora dele também melhorou muito", diz.             

O contato com outros pais o levou a criar um curso, há seis meses, para ajudar as famílias de autistas a usar o gadget de forma mais eficaz. Os pedidos para curso crescem cada vez mais: Paiva Júnior tem workshops agendados na capital e no interior de São Paulo e em outras cidades do Brasil.

Até a Apple, fabricante do iPad, percebeu a demanda e incluiu um recurso direcionado para autistas no sistema IOS 6, lançado no ano passado. O acesso guiado permite aos adultos que bloqueiem teclas e restrinjam o uso do tablet enquanto a criança faz os exercícios no aplicativo.

Isso impede, por exemplo, que a pessoa "fuja" para o YouTube durante uma atividade. "Como a dificuldade de concentração é forte, esse é um recurso excelente", avalia Paiva Junior.
Especialistas e pais de autistas lembram que o tablet, sozinho, não faz mágica. É preciso supervisão durante as atividades. Eles recomendam que a criança use o equipamento de uma a duas horas ao dia, de preferência antes do jantar, porque a luminosidade da tela pode atrapalhar o sono.
Outra dica valiosa é testar, também, produtos que não sejam específicos para autistas. 
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